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O princípio e desenvolvimento da gravura em metal

  • Victor Hugo
  • 28 de nov. de 2017
  • 5 min de leitura

As formas de animais foram, sem dúvida, as primeiras imagens que interessaram aos homens pré-históricos, não apenas por sua importância como ameaça, mas, talvez, por suas possibilidades como recursos alimentares. Cultos eram reservados a eles, que muitas vezes eram usados como totens, ou seja, imagens sagradas. Por um lado, as primeiras inscrições gravadas pelo homem consistiram nas marcas deixadas sobre pedras que formavam as paredes de seus abrigos (cavernas) e, por outro, derivavam das marcas impressas sobre as mesmas paredes com suas mãos, muitas vezes pintadas com sangue dos animais que caçavam. Assim, esses dois modos de imprimir determinaram as bases de algumas técnicas de gravação usadas até os dias atuais – as gravuras de incisão, as de blocos secionados e outras, como as monotipias e os decalques, por exemplo.1

Veados e Salmão, encontrada na região dos Altos Pirineus, Magdalenian, França, 9 5/8 ", Coleção do Musée des Antiquités, Saint-Germainen-Laye, França.


Com a invenção do ferro, as gravações ficaram mais acessíveis - antes disso, as pedras eram usadas como instrumentos; depois, eles começaram a produzir ciséis, agulhas e outros artefatos perfurantes. O aprimoramento dessas ferramentas permitiu, às civilizações posteriores, maior precisão e um número crescente de detalhes nos processos de gravação e impressão. Os etruscos eram excelentes gravadores, desenvolvendo, entre outras habilidades, a arte de gravar sobre o verso de espelhos, com efeitos decorativos que retratavam cenas mitológicas. Um exemplar dessas peças é a gravação em bronze ilustrada a seguir. ​


Orpheu tocando sua lira, espelho etrusco, gravado em bronze, Sc. IV a. C.. Coleção Museum of Fine Arts, Boston, USA.


Segundo Meggs, “gravar é imprimir a partir de uma imagem que é incisa ou entalhada na superfície de impressão”. A gravura é uma imagem obtida através da impressão de uma matriz artesanal.2 A matriz da gravura recebe um processo de incisão (riscos ou gravações na superfície) formando assim um alto ou baixo relevo, onde a tinta será espalhada, obtendo-se assim dois possíveis tipos de gravura: em encavo3 (ou horizonte): o sulco recebe a tinta e aparece como positivo no trabalho final, ou em relevo4: a superfície em alto relevo é que recebe a tinta, e o sulco aparece em negativo, sem a presença da tinta. O material da matriz (que pode variar) é o que classifica o tipo da gravura. O resultado das técnicas de impressão é a transferência da imagem da matriz para outro tipo de suporte, como papel, tecido e metal. Cada gravura é numerada e assinada uma a uma (no rodapé), compondo uma edição reduzida de exemplares. As gravuras por serem realizadas artesanalmente e originais têm um valor artístico único. ​​

Esquerda: Francisco Goya y Lucientes – “Que sacrificio!” – água forte e aquatinta; Direita: Francisco Goya y Lucientes – “El si pronuncian y la mano

alargan Al primero que llega” - água forte e aquatinta.



Foram realizadas por grandes artistas desde o final do século XV. São considerados precursores da gravura os artistas dos séculos XV a XVIII (até 1830) como Albrecht Dürer, Rembrandt e Francisco Goya, artistas europeus que iniciaram a arte da gravura dentro da tradição ocidental. As principais técnicas utilizadas nesse período foram a xilogravura, a gravura em metal e água-forte. Na renascença, a calcogravura ou calcografia5 é o processo de gravura feito numa matriz de metal, geralmente o cobre. Para Meggs, “para produzir uma gravação em cobre, risca-se um desenho numa lâmina lisa de metal, Aplica-se tinta nas depressões, a superfície plana é esfregada e limpa, e o papel é pressionado contra a lâmina para receber a imagem da tinta”. Segundo a Wikipédia, “a gravura em metal pode ser definida como gravura de encavo, termo genérico que é aplicado para definir certos procedimentos da gravura. A palavra "encavo" pretende ressaltar que o depósito de tinta para impressão é feito dentro dos sulcos gravados e não sobre a superfície da matriz, como no caso da xilogravura.”

Gravura em metal de Dürer: A Morte, o Cavaleiro e o Diabo.



A técnica da gravura em metal começou a ser utilizada na Europa no século XV, era a parte da arte do ourives por toda a Idade Média e a ideia de imprimir a gravura em metal no papel veio da possibilidade de usá-la como meio de registrar os desenhos que eram vendidos. As matrizes podem ser feitas a partir de placas de cobre, zinco, alumínio ou latão. Estas são gravadas com incisão direta ou pelo uso de banhos de ácido. Água-forte, ponta seca, água-tinta, são as técnicas mais usuais. A técnica água-forte6 é uma espécie de gravura produzida sobre uma base metálica, normalmente confeccionada com ferro e zinco. A ponta-seca7 trata-se de uma técnica de gravura por incisão direta que pode dispensar o uso de verniz. No geral, procede-se como se fosse uma água-forte, isto é, enverniza-se a chapa, faz-se o desenho (à mão ou por decalque) e fixa-se-o com a ponta-seca. A água-tinta8, é o processo químico de produção nas matrizes, como o da água-forte, e se dá através da utilização de alguns líquidos corrosivos. A placa utilizada pelo gravador é pulverizada ou pintada com algum tipo de resina - damar (resina mole natural), breu, copal, sandácara - ou por uma mistura de resina e outro componente - açúcar, sal, areia - e aquecida, de forma que a mistura se funda na placa, exercendo a mesma função protetora do verniz. Assim, quando a placa entra em contato com o ácido, os grãos de açúcar ou areia, por exemplo, produzem uma textura que é responsável pelo tom acinzentado da obra. Esse tipo de gravura oferece, como resultado, um desenho composto de áreas tonais e não linhas, como a gravação a entalhe. Inicialmente as gravuras elaboradas em matrizes de metal, particularmente de cobre, eram vistas como um trabalho ornamental similar à ourivesaria9, arte de produzir jóias preciosas e objetos de adorno. Com a evolução de uma nova invenção, o mecanismo de impressão, do século XV em diante, buscou-se o desenvolvimento de métodos gráficos de alto nível que possibilita o preparo mais elaborado das representações impressas. A utilização de metais foi a solução encontrada.

Gravura a buril sobre placa de metal para impressão de papel moeda.

Técnica ponta-seca.

Técnicas água-forte e água-tinta.

1"Técnicas de Gravura nas Artes e na Fabricação do ... - Banco Central." http://www.bcb.gov.br/htms/seminarios/museu2003/gravuras.pdf. Acessado em 28 nov. 2017.

2"Arteeblog: Gravuras: o que são, os tipos e exemplos." 2 jun. 2015, http://www.arteeblog.com/2015/06/gravuras-o-que-sao-os-tipos-e-exemplos_2.html. Acessado em 28 nov. 2017.

3"Conheça - Gravura em encavo." http://www.iar.unicamp.br/cpgravura/con_gravencavo.html. Acessado em 28 nov. 2017.

4"Conheça - Gravura em relevo." http://www.iar.unicamp.br/cpgravura/con_gravrelevo.html. Acessado em 28 nov. 2017.

5"Gravura em metal – Wikipédia, a enciclopédia livre." https://pt.wikipedia.org/wiki/Gravura_em_metal. Acessado em 28 nov. 2017.

6"Água-forte - Gravura em Metal - Artes - InfoEscola." https://www.infoescola.com/artes/agua-forte/. Acessado em 28 nov. 2017.

7"Ponta-seca – Wikipédia, a enciclopédia livre." https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponta-seca. Acessado em 28 nov. 2017.

8"Água-tinta | Enciclopédia Itaú Cultural." http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo29/agua-tinta. Acessado em 28 nov. 2017.

9"Ourivesaria – Wikipédia, a enciclopédia livre." https://pt.wikipedia.org/wiki/Ourivesaria. Acessado em 28 nov. 2017.


 
 
 

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